Você falou com algum recrutador de empresa de alta tecnologia ou professor de ciências da computação recentemente? Segundo alguns especialistas norte-americanos, a escassez prevista para a área de TI há cerca de um ano já é realidade.
“Tudo o que eu vejo no Vale do Silício é totalmente contrário à suposição de que os programadores estão perdendo espaço e perdendo posições para offshore. De grandes companhias a start-ups, as empresas estão contratando o máximo possível”, comenta Kevin Scott, gerente sênior de engenharia do Google e membro da divisão educacional da Association for Computing Machinery.Muitos recrutadores dizem que existem mais posições abertas do que eles conseguem preencher. Essa é a opinião, por exemplo, de Kate Kaiser, professora de TI da Universidade de Marquette, em Milwaukee, que aponta que os estudantes estão sendo contratados mesmo antes de se formar. Em janeiro, a executiva perguntou a 34 de seus estudantes de análise de sistemas e design quantos já tinham aceito trabalho para depois da formatura, em maio. Vinte e quatro deles levantaram as mãos. “Eu tenho certeza que os outros dez que não tinham recebido propostas até então já estão empregados até agora”, comenta.No entanto, as vagas estão sobrando apenas para quem tem as habilidades corretas. Se você quer ser parte dessa onda, leia – nesta primeira reportagem sobre o tema – o que os especialistas dizem sobre capacitação para o futuro próximo.
1-) Habilidades com máquinas: À medida que as companhias trabalham para construir softwares como filtros colaborativos, filtros de spam e aplicações de detecção de fraude que buscam padrões em grandes conjuntos de dados, alguns especialistas dizem que existe uma necessidade crescente por pessoas com conhecimentos de aprendizagem de máquina, ou habilidade para desenhar e desenvolver algoritmos e técnicas para aprimorar o desempenho de computadores. “E não é apenas o caso do Google. Existem várias aplicações que têm tamanhos muito, muito grandes, o que cria um problema fundamental de como você organiza os dados e apresenta aos usuários”, comenta Scott.A demanda por essas aplicações está elevando também a necessidade por habilidades em data mining, modelagem estatística e estruturação de dados. Segundo ele, uma pessoa pode conhecer a aprendizagem de máquinas por meio de experiência profissional ou por cursos avançados extra-curriculares ou mesmo por uma graduação.
2-) Aplicações avançadas em plataformas móveis: A corrida por entregar conteúdo por meio de dispositivos móveis está ligada aos dias mais selvagens da internet, ainda nos anos 90, diz Sean Ebner, vice-presidente de serviços profissionais da Spherion Pacific Enterprises, empresa de recrutamento de Fort Lauderdale. Mas aparelhos como BlackBerries e Treos se tornando tão importantes no dia-a-dia corporativo, diz ele, as companhias precisam de pessoas aptas por estender aplicações como ERP, sistemas de compras ou despesas a esses aparelhos. “Eles precisam de pessoas que levem aplicações a esses aparelhos”, complementa Scott.
3-) Redes sem fio a fundo: Com a proliferação de padrões como Wi-Fi, WiMax e Bluetooth, conhecimento em segurança de transmissões sem-fio está na lista prioritária de habilidades desejadas por um empregador da área de tecnologia, diz Neill Hopkins, vice-presidente de desenvolvimento de talentos na CompTIA. “Se eu precisasse contratar um especialista em tecnologias sem-fio, eu também gostaria que ele entendesse as implicações de segurança daquilo e que a incluísse desde os controles iniciais”, aponta Howard Schmidt, presidente da Information Systems Security Association e ex-CSO da eBay. Mas não vá ao mercado apenas com uma certificação em tecnologias sem-fio. Segundo o executivo, ninguém consegue uma boa contração como técnico em wireless. É necessário ser administrador de rede com especialização em tecnologia sem-fio, de forma que o profissional pode saber qual o papel desempenhado pelo wireless em uma rede.
4-) Interfaces inteligentes: Outra área que deverá registrar uma demanda crescente é a de interação homem-computador ou de design de interface ao usuário – que é a elaboração de interface ao usuário para aplicações web ou desktop. “Tem existido mais reconhecimento ao longo do tempo de que não está tudo certo em um engenheiro apenas jogar uma interface de qualquer jeito a uma aplicação. Os consumidores estão vendo cada vez mais produtos bem desenhados. Então, porque eles não deveriam ter essa demanda em cada parte de software que utilizam?”, aponta Scott, ressaltando a preocupação crescente de empresas como a Apple sobre o assunto. O profissional que tiver essa qualificação, de fato deve ser bem visto pelos empregadores.
5-) Gerentes (verdadeiros) de projeto: Gerentes de projeto sempre foram muito procurados, mas o crescimento da intolerância por verbas adicionais ou projetos falhos fez com que crescesse ainda mais a demanda por esses profissionais, tidos como pessoas que “sabem o que estão fazendo”, garante Grant Gordon, gerente da empresa Intronic Solutions Group, da área de recrutamento.“Os recrutadores estão procurando ‘verdadeiros gerentes de projetos’, não apenas pessoas que têm esta indicação em seu título. Os empregadores querem pessoas que possam ter uma visão do ciclo de vida do produto e gerenciar verdadeiramente um projeto”, diz. No processo de seleção, Gordon geralmente faz com que um especialista entreviste o candidato sobre determinado assunto e o coloque em situações para serem resolvidas. Dessa forma, consegue avaliar como o candidato lidou com situações diferenciadas no passado. “É fácil regurgitar o que você aprendeu do PMBOK –Project Management Institute's Project Management Body of Knowledge – mas quando diz respeito a coisas como gerenciamento de conflito, você começa a ver se eles realmente sabem o que estão fazendo”, comenta.
6-) Conhecimentos sobre redes: Não importa onde você trabalha em TI. Você não consegue escapar do conceito de redes. Isso torna crucial a existência de certas habilidades para alguns profissionais que geralmente não têm esse tipo de relacionamento nas veias, como os engenheiros de software. O conselho é que, pelo menos, esses profissionais trabalhem conceitos básicos de rede, como TCP/IP, ethernet e fibra óptica, além de computação distribuída.“Existe uma necessidade crescente de que profissionais que escrevem aplicações instaladas em data centers saibam também o impacto que suas criações têm nas redes. Eles também precisam entender como tirar vantagem da rede no design de suas aplicações”, comenta Scott.
7-) Técnicos em prol da convergência: Com o crescimento da adoção corporativa de voz sobre IP, também está elevada a procura por administradores com conhecimento em todos os tipos de rede – LANs, WANs, voz e internet – e como elas podem convergir entre si, diz Neill Hopkins, vice-presidente de desenvolvimento da CompTIA.“Quando algo precisa ser consertado, as companhias não querem que o administrador de redes diga ‘oh, é um problema do telefone’, e o responsável pelo telefone diga ‘chame o rapaz da rede’. Nossa pesquisa mostra que existe uma grande demanda por pessoas da área de telefonia com conhecimento de redes de TI e por profissionais que gerenciem a rede de TI e que entendam a convergência com a rede de voz”, diz o executivo.
8-) Programação em código aberto: Empregadores da área de TI também têm se mostrado interessados em contratar talentos na área de código aberto, segundo Sean Ebner, vice-presidente de serviços profissionais da Spherion Pacific Enterprises, recrutadora norte-americana.“Algumas pessoas pensaram que o sol estava se pondo na esfera de código aberto, mas a onda está voltando e de uma forma muito forte, tanto no nível de sistema operacional quanto no desenvolvimento de aplicações”, aponta.Profissionais com experiência em Linux, Apache, MySQL e PHP levam vantagem nesse sentido.
9-) Sistemas de business intellingence em alta: A área de business intelligence também vem ganhando momento, conforme complementa Ebner. Dessa forma, existe espaço para profissionais capacitados na área de BI, em soluções como Cognos, Business Objects e Hyperion.“As empresas estão fazendo investimentos significativos em business intelligence. Mas eles não precisam de puros técnicos. Para ser um profissional da área de data mining, você precisa ter conhecimento funcional profundo do negócio que você está tentando dissecar”, afirma. Segundo o executivo, profissionais que conseguem fazer ambas as tarefas são alguns dos mais procurados nos Estados Unidos no momento.
10-) Segurança embarcada: A procura por profissionais de segurança tem sido alta nos últimos anos. Mas hoje, segundo Howard Schmidt, presidente da Information Systems Security Association e ex-CSO da eBay, existe uma grande demanda por essas qualificações em todos os funcionários da área de TI, não apenas naqueles que atuarão especificamente em segurança.“Em praticamente todas as descrições para postos de trabalho que eu vi ao longo dos últimos seis meses, existe a palavra segurança. Os empregadores estão solicitando a habilidade para criar um ambiente de segurança, independente se a pessoa está executando o servidor de e-mail ou fazendo desenvolvimento de software. [Segurança] já está fazendo parte da descrição de emprego”, aponta.Segundo Hopkins, da CompTIA, em todas as certificações feitas hoje, existe um elemento de segurança embutido.
11-) Integração digital: As residências estão se tornando gradualmente “paraísos da alta tecnologia”, com o crescimento expressivo de equipamentos na área de vídeo, áudio, segurança doméstica, e sistemas de iluminação automatizados. Mas quem instala tais sistemas e os conserta quando existe um problema?Para responder a essa pergunta, a CompTIA desenvolveu uma certificação em cooperação com a Consumer Electronics Association, chamada de Digital Home Technology Integrator. “É um dos mercados mais quentes e vibrantes que eu já vi nos últimos tempos”, diz Hopkins.
12-) Mais do que .Net, C#, C ++, Java: Recrutadores estão cada vez mais vendo procura por profissionais capacitados em uma diversidade de frameworks de aplicação e linguagens, como ASP.Net, VB.net, XML, PHP, Java, C#, e C++.No entanto, os empregadores querem mais do que um escritor de código. “Raramente eles querem pessoas enterradas atrás de seus computadores e que não fazem parte de um time. Eles querem alguém capacitado em Java que também possa ser um líder de equipe ou coordenador de projeto”, comenta Grant Gordon, diretor da Intronic Solutions Group, da área de consultoria em carreira.
Depois dessas 12 dicas dos especialistas norte-americanos sobre as qualificações de destaque, fica a pergunta para você, leitor. Você acredita que essas demandas por qualificação em TI são realidade também no Brasil? Comente abaixo.
Fonte: http://computerworld.uol.com.br/gestao/2007/07/24/idgnoticia.2007-07-23.2421306793/, http://computerworld.uol.com.br/gestao/2007/07/25/idgnoticia.2007-07-24.3018454077/
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